Um metalúrgico de 31 anos ficou seis dias com uma lâmina no braço após sofrer um acidente de trabalho, em Araraquara (SP), e ter braço suturado na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Central. A Prefeitura abriu sindicância para apurar o atendimento.
O caso também foi registrado na Polícia Civil como lesão corporal culposa, quando não há intenção na ação.
Daniel Anderson da Silva se acidentou no sábado (29) e conseguiu a cirurgia para a retirada da lâmina apenas nesta sexta-feira (6), após várias passagens pela unidade de saúde.
De acordo com a esposa da vítima, Ana Carolina Lopes de Souza, o metalúrgico teve o braço atingido por uma lixadeira que quebrou. Ele precisou de atendimento no sábado (29), na UPA Central, onde teve o ferimento limpo e suturado por um médico ortopedista.
“Quando ele foi atendido, ele falou para o médico que tinha um objeto dentro do braço dele, porque quando a lixadeira foi no braço dele, ele sentiu, mas o médico disse que era o impacto, que não tinha nada lá e não precisava de radiografia”, contou.
Depois do primeiro atendimento, Silva procurou a UPA novamente no domingo (1º) sentindo muita dor e outra vez com o machucado mais infeccionado na quinta-feira (5).
“Foi então que ele exigiu uma radiografia, porque a cicatriz estava com uma bolha de pus e ele não aguentava de dor. Na radiografia deu que o disco ainda estava lá”, disse.
Mesmo após a descoberta da lâmina no braço e a constatação de infecção, o metalúrgico não conseguiu ser atendido imediatamente. Segundo a esposa, a UPA Central entrou com pedido para que a Santa Casa assumisse o caso cirúrgico, mas o paciente foi negado três vezes.
Na noite de quinta-feira, a família recebeu a ligação do Hospital Dr. José Nigro Neto, em Américo Brasiliense, afirmando que lá havia uma vaga para que ele realizasse o procedimento. Ele foi internado, medicado para dor e teve a lâmina retirada apenas na tarde desta sexta-feira (6).
“Foi um descaso, uma negligência. O médico disse que ele poderia ter perdido o braço por causa da infecção. Eu com certeza vou procurar os meus direitos na Justiça, porque era para ele voltar a trabalhar na terça-feira, mas e agora? Como fica? Temos que esperar”, disse.
Sindicância vai apurar atendimento
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que notificou a FunGota, autarquia responsável pela administração das UPAs da cidade, e que irá abrir sindicância para apurar o caso.
Ressaltou ainda que o paciente está sendo acompanhado e recebendo toda assistência médica necessária por parte da Secretaria de Saúde.
O G1 procurou a assessoria de imprensa da Santa Casa de Araraquara para saber motivo da vaga para o paciente ter sido negada, mas ainda não obteve retorno.